Serpentina

Largo Soares dos Reis (Bonfim), Porto

(Happisodes)

Serpentina é um projeto-piloto de cocriação e transformação urbana que vê no brincar não apenas um direito das crianças, mas também uma chave para repensar a cidade como espaço de encontro, liberdade e imaginação. No centro do projeto está a reabilitação do Parque Infantil do Largo Soares dos Reis, transformado num parque verde intergeracional, onde múltiplos usos se interligam de forma natural.

A proposta foi desenvolvida por uma equipa multidisciplinar coordenada por Maria João Macedo e Patrícia Costa, com base numa metodologia participativa, envolvendo a comunidade local — moradores, famílias e, sobretudo, as crianças — em passeios-diagnóstico, oficinas, assembleias e inquéritos. Os resultados destas ações fundamentam o projeto de requalificação do parque, que será construído pelo município do Porto.

O projeto insere-se numa visão mais ampla de cidade brincável, reivindicando uma mudança de paradigma na forma como se entende a presença das crianças no espaço público e alargando o estudo ao espaço urbano envolvente. Propõem-se intervenções pontuais — como a criação de “ruas da escola”, a naturalização de recreios ou a reconversão de ruas em zonas de convivência — que adotam princípios do urbanismo tático. Estas propostas visam criar uma cidade mais humana e inclusiva, em que o envolvimento da autarquia se revela fundamental. 

Equipa de Design: Maria João Macedo (strategic design), Patrícia Costa (social education), Cannatà Fernandes (architecture), Macedo Cannatà (communication design), Letícia Costelha (art and education)

Equipa de Consultoria: Frederico Lopes (Brincar e Motricidade), Paulo Farinha Marques (Landscaping), Sandra Nascimento (Associação para a Promoção da Segurança Infantil), Catarina Breia Dias (Lab2PT / The Future Design of Streets), Pollyana Bezerra (Associação Montessori – Cidade das Crianças), Dulce Cruz (Erva-Daninha), Miguel Ramos (Confederação)

Associações: Associação O meu lugar no mundo, Sismógrafo, Movimento Vamos ao Parque

 

Macedo Cannatà é um estúdio de design sediado no Porto que atua na área da cultura, sobretudo em comunicação, identidade, exposições e edição. Trabalham em diálogo com artistas, instituições e associações culturais e entendem o design como ferramenta de mediação entre pensamento, forma e comunidade. Desenvolvem narrativas visuais e sistemas gráficos que traduzem conceitos de modo crítico e comprometido.

Patrícia Costa é educadora social e mestre em psicologia da criança. Coordena projetos de intervenção comunitária há mais de 20 anos, aliando práticas artísticas, participação cidadã e educação não formal. Colabora atualmente com a Fundação Aga Khan Portugal. Enquanto mãe e ativista pelos direitos das crianças, liderou o movimento “Vamos ao Parque!” e cofundou a Serpentina.

Cannatà Fernandes é um atelier de arquitetura fundado em Itália em 1984, por Fátima Fernandes e Michele Cannatà. Em 2023, Riccardo Cannatà junta-se ao atelier, após 12 anos em Tóquio, onde colaborou com SANAA. Aliam à prática profissional uma intensa atividade académica e cultural, através da docência, conferências e projetos de investigação.

Letícia Costelha é artista plástica e educadora. Coordena o serviço educativo do Sismógrafo. Na sua prática artística e expositiva, tem-se debruçado, entre outros temas, sobre a valorização do acto de brincar tanto na infância como na vida adulta, procurando explorar as rotinas, ligações e intimidades dos lugares e comunidades com que se cruza.

Eleonora Fedi é designer de interiores e espaços e docente, sediada no Porto. É licenciada pelo Politécnico de Milão (2012) e Mestre pela Escola Superior de Arte e Design de Matosinhos (2015), onde leciona temas ligados à cultura de projeto do espaço e do habitar.

Colabora com a esad—idea como investigadora e designer responsável pelos projetos expositivos, integrando a equipa da Porto Design Biennale desde a sua primeira edição em 2019. 

O seu trabalho inclui projetos expositivos para Galiza – Processos e Formas (2023), com curadoria de David Barro; Apagar a Linha – Entre Terra e Água (2023), com curadoria de Ivo Poças Martins; Portugal Pop – A Moda em Português 1970–2020 (2022-2025), com curadoria de Bárbara Coutinho; Sapatilhas – Do Estado Novo ao Virar do Milénio (2022), com curadoria de Pedro Carvalho de Almeida.

Foi cocuradora da exposição Reusing Furniture (2023), juntamente com Maria Milano. Colaborou como assistente de curadoria em Frontiere – Expressões de Design Contemporâneo, Abitare Itália – Ícones do Design Italiano e Riccardo Dalisi – Imperfeição Perfeita (2019).

Programa Principal

Happisodes

Promovidos pela Porto Design Biennale, os Happisodes são projetos de codesign entre designers, comunidades e municípios que materializam, no Porto e em Matosinhos, a alegria de reconhecer coletivamente que o presente pode ser reimaginado. São processos vivos, habitados, onde o design dá forma ao comum.

Publicações

A publicação é parte fundamental da Porto Design Biennale, procurando transmitir, através da editoração e materialidade dos livros e catálogos, o conceito e a curadoria dos projetos.

Constelações

Os projetos acolhidos neste eixo de programação são projetos independentes e autónomos em termos de curadoria, financiamento e produção que estabelecem diálogos com o tema desta edição.